
Salada no liquidificador
Daniel Faconti
Publisher: Cia do eBook
Summary
Este livro não segue uma linha, linguagem ou critério; é uma mistura de músicas, letras, contos, cartas, história; por isso o nome: Salada no liquidificador.
Publisher: Cia do eBook
Este livro não segue uma linha, linguagem ou critério; é uma mistura de músicas, letras, contos, cartas, história; por isso o nome: Salada no liquidificador.
"Escreve-se esta crónica enquanto as imagens dos algozes e vítimas me cruzam por diante da fantasia, como bando de aves agoureiras, que espirram de pardieiro esboroado, se as acossa o archote dum fantasma. Tenebroso e medonho! É uma dança macabra! Um tripúdio infernal! Coisa só semelhante a uma novela pavorosa das que aterram um editor, e se perpetuam nas estantes, como espectros imóveis. Há aí almas de pedra, corações de zinco, olhos de vidro, peitos de asfalto? Que venham para cá."Show book
No imaginário feminino português, "Charneca em Flor" celebra um ultrapassamento literário: a ruptura com o estereótipo de mulher imposto pelo patriarcado. A partir daqui, a dor e as Saudades (dotes de mulher) são já um fantasma que ela vê passar pelas vielas de Évora, na figura evanescente da Menina e Moça que fora. Revisitando agora a sua origem alentejana, a nossa investida Sóror Alcoforado (antiga Dama de Bernardim e mística Dona de Garcia de Resende) despe a mortalha e abandona a clausura para, em comunhão telúrica, abrir-se em flor - impulso que, desejo erótico, é também pulsão de morte. Todavia, dentro desse paradoxo, Florbela se experimenta (em voo livre do regional para o nacional) avatar feminino de Camões. E deste modo mergulha em definitivo na fonte mesma do soneto - forma fixa que passara a vida a ajustar a fim de torná-la mais condizente ao seu género. Afinal, no seu espartilho poético, o soneto não lembra a cela, da qual toda a mulher se quer evadir?!Show book
Ocorreu-me uma grande e legítima ambição: viver no futuro; guindar-me ao vértice das civilizações vindoiras, e estirar a vista por todo o passado, abrangendo num lance de olhos todas as sociedades extintas e todo o quadro ingente dos progressos humanos. Devia ser um momento assombroso. Mas este plano, segundo o que me observou o doutor, era de execução dificílima. Para ler toda a história do futuro, seria mister um sono hipnótico de muitos meses ou de muitos anos, e à dificuldade acresceria o perigo. Tive que modificar a minha ambição: — Visto que em poucas horas não é possível fazer a revista dos séculos, como se faz a revista do ano para os teatros de terceira ordem, desejo, senhor conde, que por duas ou três horas a sugestão me transporte ao ano Três Mil, e que me coloque no ponto mais civilizado do mundo de então, podendo eu saber se ainda haverá memória do meu país e o que dele se pensa. — Far-se-á o que deseja, — rematou o hipnotizador. — E, sem pronunciar uma palavra mais, sentou-se defronte de mim, tocando nos meus joelhos com os dele. Abriu as mãos e espalmou-mas nas regiões temporais, obrigando-me a fixar os olhos no seu olhar, vivo, penetrante e ao mesmo tempo imóvel. Senti percorrer-me o corpo uma languidez estranha, e adormeci profundamente.Show book
A obra-prima do autor, publicada em 1888, é uma das mais importantes de toda a literatura portuguesa. É um romance realista onde não faltam o fatalismo, a análise social e a catástrofe, próprios do enredo passional. É um retrato da sociedade contemporânea do autor. A obra ocupa-se da história da família Maia, ao longo de três gerações, centrando-se na última, com a história de amor incestuoso entre Carlos da Maia e Maria Eduarda. José Maria de Eça de Queirós, (1845/ 1900) é um dos mais importantes escritores portugueses da história. O escritor participou de um período de mudança, em que o romantismo dava lugar ao realismo. Na primeira fase da sua carreira, produziu obras com influência romântica. O realismo aparece nas narrativas da segunda fase. Na terceira e última, Eça apresenta textos mais imaginativos.Show book
Júlia Lopes de Almeida narra neste que é um de seus mais belos romances a história do viúvo Argemiro, que fez votos de fidelidade eterna e de nunca mais se casar à sua amada Maria em seu leito de morte. Deste amor, nasceu Maria da Glória, jovem criada pelos avós numa chácara nos arredores do Rio de Janeiro. Sem tempo para criar a filha, devido ao trabalho, Argemiro a visita na chácara e a recebe ocasionalmente em sua casa, que fica aos cuidados do velho ex-escravo Feliciano, que abusa nas despesas da casa e age como dono, lendo os jormais do patrão e fumando seus charutos. Querendo a presença maior da filha em sua casa, Argemiro coloca um anúncio no jornal para contratar uma governanta e entra em cena d. Alice, moça de fino trato, prendada e fluente em línguas. Glória a rejeita inicialmente, mas acaba sendo conquistada, para profundo desgosto de sua avó Luiza, que passará o resto do livro tentando afastar Alice, de quem ela suspeita estar interessada em tomar o lugar de sua falecida filha, fazendo Argemiro quebrar seu juramento. Num ritmo crescente de suspeitas e desavenças, apenas no final do livro o real objetivo desta intrusa será revelado.Show book
Eles não moram mais aqui, o 17o. livro do autor Ronaldo Cagiano, reúne dezasseis contos escritos ao longo de nove anos. Publicado em 2015 no seu país natal, o livro ganhou o Prémio Jabuti de 2016, um dos mais importantes prémios literários nacionais do Brasil. Nesta obra é possível encontrar belas referências aos grandes nomes da literatura mundial, como James Joyce, Rainer Maria Rilke, e especialmente da literatura brasileira, como Clarice Lispector, Nuno Ramos, Mário Faustino e Marçal Aquino. O texto de Cagiano não é descanso, não é placidez, não é um passeio de domingo em jardins floridos. A sua beleza está, justamente, no seu estilo bruto, na dissecação de dores e tormentas. Como o crítico, poeta e escritor André di Bernardi sugere, ao ler Cagiano damo-nos conta da fúria do tempo e de que 'somos literalmente tragados diante do fluxo furioso da vida'.Show book